Trindade: A pérola de Paraty.

28/10/2015 14:13

 Posso chamar Trindade de a pérola de Paraty. Localizada no extremo sul do litoral do Rio de Janeiro, mais precisamente a 24Km do centro de Paraty, Trindade é uma vila de pescadores que tem a cultura caiçara preservada e arraigada no seu dia a dia. Com praias, cachoeiras e trilhas, a vila se destaca pelo público alternativo que sempre buscou o lugar para passar alguns dias de maneira sublime. Atualmente a vila recebe milhares de turistas na alta temporada e por conseqüência o público que a freqüenta mudou muito. Até os anos 90 o acesso era muito complicado, apenas alguns carros 4x4 chegavam hoje o morro denominado “Deus Me Livre” é asfaltado, porém, não menos perigoso.

 Partindo de São Paulo o ônibus do Tiete saiu por volta das 22:30 do dia 30/12/2011. A empresa que faz o trajeto é a Reunidas e a viagem até Paraty dura aproximadamente 5 horas. Faz uma parada em Paraibuna, outra parada em Ubatuba para enfim chegar a Paraty. Existe outra opção, principalmente com relação ao desembarque. A possibilidade é: Descer no centro de Ubatuba, pegar um ônibus de linha que vai para a cachoeira da escada divisa com Paraty, desse ponto pegar outro que vai para o bairro do Patrimônio e pegar outro ônibus que vem de Paraty nesse bairro para Trindade. Se a sua escolha é fazer como nós e descer em Paraty, da rodoviária mesmo parte o ônibus para a vila, na ocasião a passagem custou R$3. De Paraty até a vila, o ônibus passa pelo esperado e temido morro do Deus Me Livre, travessia essa que se inicia no bairro Patrimônio e termina na vila. Essa parte da viagem é extremamente perigosa. Em si a estrada é sinuosa, em algumas partes é desfiladeiro e as condições técnicas da empresa “coletur” que faz o trajeto não é das melhores, porém, é sempre uma grande expectativa em cruzar o morro e quando tudo dá certo chega a dar frio na barriga. O trajeto do centro de Paraty a Trindade dura aproximadamente 50 minutos. Ao término do morro o viajante tem uma vista fenomenal da praia do Cerpilho. Para adentrar a vila o ônibus passa por um olho d´gua que desce a serra. Acredito que em caso de muita chuva carros pequenos podem ter dificuldade de ultrapassar esse obstáculo natural.

Ao chegar a Trindade existem as opções de ponto de ônibus, isso depende de onde você irá se hospedar. Ficamos no camping Nova Trindade . O camping é grande e afastado da “muvuca” que fica na vila. Possui banheiros limpos, cozinha comunitária com utensílios domésticos e gerador para o caso de acabar a energia (algo normal na temporada). O valor em 2011 foi de R$50 a diária, porém os preços na vila são tabelados, não há muita diferença de preços entre as hospedagens. O grande diferencial desse camping é a sua geografia interna. No réveillon de 2009 também estive em Trindade e tive problemas sérios. Estava acampando em um local que era sujo, lotado e para ajudar caiu a chuva do milênio. Foi o ano que houve o acidente em Angra, ou seja, toda a região foi afetada. Em poucos minutos o camping alagou e foram 3 dias sem dormir, não que isso seja um empecilho para Trindade que tem por lema “ninguém dorme”, más sim pelos equipamentos como máquina fotográfica e celulares que foram danificados. O Nova Trindade fica em uma área de desnível, sendo assim, estávamos longe da parte plana, pelo menos seguros de acumulo de água e enxurradas.

   Alguns amigos da Khelly já nos aguardavam no camping. Difícil foi somente localizá-los uma vez que a área de camping é enorme. Após acharmos a galera, levantamos acampamento e saímos todos juntos para curtir. O destino inicial foi a praia do meio. Ainda era bem cedo e o tempo estava nublado, porém a praia já estava cheia. Essa praia é a melhor para banho da vila, não tem muita onde e nem correnteza por ficar abrigada. Diferentemente das praias do Cerpilho e dos Ranchos, essas são praias de mar alto e muita correnteza e eu nem me atrevi a entrar. Na do meio é o típico lugar para ficar de bobeira dentro da água batendo papo, tomando uma cervejinha e curtindo o ambiente. Do lado direito da praia existe uma formação rochosa que permite o acesso dos corajosos. A subida lá é inevitável para contemplar a beleza da praia do meio por uma vista diferente, praticamente de frente.  Não tardei muito na praia, estava sem dormir então resolvi ir para o camping e descansar. Acabei acordando ao anoitecer, o dia estava chuvoso e feio, então não perdi muita coisa.  

   Segundo dia: véspera de ano novo, acordei, tomei um café no camping mesmo e sai sozinho pra fazer um role. A galera conseguiu uma carona para ir a Paraty comprar as coisas pra virada do ano e eu fui a um barzinho que tava rolando um reggae e ali fiquei praticamente o dia inteiro. A virada do ano pra variar choveu más mesmo assim saímos. Fomos para um forró na beira da praia dos Ranchos. Estava lotado. Dançamos até umas 5hrs da manhã, quando as “gabrielas” resolveram fazer efeito tive que ir pro camping, más, chegando lá, não resisti ao forró também do camping e acabei caindo por lá mesmo. Trindade é assim mesmo, onde você vai ta rolando um som, literalmente "ninguém dorme". 

   Terceiro dia: Fomos todos pegar as trilhas para cachoeira que escorrega, pedra que engole e cachadaço. O tempo deu uma melhorada, tava rolando um mormaço quente. Não dá para ir a Trinda e não conhecer esses lugares. A cachoeira que escorrega é uma pedra gigante, com uma inclinação de uns 45 graus e limo. A pessoa sobe, senta e tchibum. De lá partimos para a pedra que engole. Um aglomerado de pedras com um orifício que permite a entrada, uma espécie de escorrega natural que despenca na água dentro da pedra. Para sair é necessário mergulhar e passar por baixo da pedra. Uma maravilha natural, entretanto, não aconselhável para quem não sabe nadar ou sofre que claustrofobia. Ultima parada foi o caxadaço. Um aquário natural que retém água devido as pedras enormes. O lugar mais bonito de Trinda e ápice da viagem. Ir a Trinda e não ir lá é a mesma coisa que não ter ido. 

   Quarto dia: Era o dia que eu teria que ir embora, então fiquei de boas no camping tirando um descanso e me recuperando das loucuras.

Dicas: Hospedagem: Existem muitas opções de hospedagem e que variam muito os valores dependendo da época do ano. No caso de camping oriento a não ficar nos que são próximos ao centrinho da vila. Além de serem cheios, são planos, muitos não possuem escoamento de água (é uma região que chove muito). Na alta temporada a vila não dorme, então se você não é da bagunça deve realmente fugir dos camping´s do centrinho.

Época para viajar: Não recomendo em hipótese alguma carnaval e réveillon. A vila é um caos, tudo lotado, as atrações são cheias de gente e rola muita sujeira. O melhor de Trindade se revela em dias normais. Se programe para conhecer esse paraíso em um final de semana normal, com certeza a diversão será maior e não haverá tanta farofada.

Alimentação: Na temporada é caro. R$30 um prato feito. A gastronomia é típica caiçara, ou seja, muito peixe. Em Trindade existe uma bebida chamada Gabriela. Uma mistura de pinga, cravo e canela. Bebida doce e de alto teor alcoólico, porém deliciosa e alguns até dizem ser afrodisíaca. Não deixe de tomar a “tal da Gabriela”.

Dinheiro: Não tem banco em Trindade, então se programe. Cartões são aceitos em praticamente todos os estabelecimentos “menos camping”, más sempre com o risco de estar sem energia.

Trilhas: Pedra que escorrega – 20 minutos de caminhada, a trilha possui uma escada para facilitar o acesso. Não tem erro, caminho bem demarcado. O poço para banho nesse atrativo é raso, bom para crianças e pessoas que não sabem nadar. Pedra que engole – 40 minutos do centro da vila, trilha bem demarcada e de fácil acesso, sem nenhuma dificuldade para nenhum público. Dentro da pedra a água chega no máximo na altura do peito, porém, para sair é necessário mergulhar para transpor uma das pedras que fecham o ambiente. Não indicado para quem não sabe nadar ou tem problemas com claustrofobia. Cachadaço – Essa trilha é mais longa e com algumas dificuldades técnicas (nada de exagerado). Algumas descidas íngremes as quais terão que ser subidas na volta. O trecho é feito normalmente em 1:30 horas e alguns cuidados precisam ser tomados. Ela corta a Serra da Bocaína, vários animais peçonhentos habitam o local e árvores com espinhos. Aconselho a não colocar a mão, se apoiar e muito menos sair da trilha. Do caxadaço é possível voltar de barco, valor de R$20.

Praia do Sono: Da praia do Cerpilho existe uma trilha que leva para o condomínio Laranjeiras e de lá outra trilha até a praia do Sono. Essa praia tem aproximadamente 2KM com alguns quiosques caiçaras e camping. Também é o local de acesso para algumas praias e cachoeiras que da Ponta da Joatinga. Imperdível ir nesse atrativo.

Trindade sempre foi sinônimo de pessoas alternativas. Sim, rola muita maconha, é um fluxo grande de pessoas na rua principal, os estabelecimentos são cheios, sendo assim, caso tenha algum tipo de pré-conceito em relação a galera mais zen ou que fugir de bagunça esqueça Trinda, você estará fora de órbita. 

   Integrantes: Edy; Kizzy; Khelly; Marcia Correia; Tatu do Bem; Ângela; Karinny; Jonathan; William.

 

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